Permanências da sintaxe paulista brutalista pós 90 / Tatiane Teles

Em países cuja urbanização ocorreu predominantemente no século XX sob a influência dos dogmas do movimento moderno, como o caso do México, Argentina , Brasil, percebe-se que a arquitetura moderna ainda se define como uma tradição e orienta parte da produção arquitetônica atual. Nesses países, em especial ao que concerne o Brasil, a normativa moderna, entendida como uma tendência de preceitos universais foi sabiamente reinterpretada, destacando-se a princípio com as obras da Escola Carioca e posteriormente da Escola Paulista Brutalista, carregadas de uma linguagem própria tornou-se base da constituição da identidade nacional.

A fim de refletir sobre parte da prática arquitetônica recente, o TFG de Tatiane Oliveira Teles objetiva averiguar em que medida há permanências da sintaxe da arquitetura da Escola Paulista Brutalista, suas pertinências e contradições na produção paulista pós 1990, atentando para o fato de que a bibliografia consultada a circunscreve como uma manifestação arquitetônica realizada, sobretudo no período compreendido entre 1950 e 1970.

O trabalho, considerado como uma primeira aproximação de um tema muito complexo, tem por decisão compreender o assunto através de olhares panorâmicos. A pesquisa parte de estudos historiográficos de Reyner Banham e Ruth Verde Zein, respectivamente, sobre a manifestação Brutalista no cenário internacional e paulista, para compreender algumas das questões postas nos seus períodos de surgimento e consolidação.

A averiguação da permanência de um vocabulário Paulista Brutalista é factível pelo cotejamento das características de A a Z, sistematizadas no Trabalho de Doutorado de Ruth Verde Zein, com obras arquitetônicas premiadas pelo IAB-SP pós 1990. Contudo, reconhecendo que há uma passagem contínua entre arquitetura e cidade e, com o interesse de debater sobre a pertinência dessa produção no tecido urbano contemporâneo, foi capital extrapolar o estudo do objeto em si para o estudo da relação do objeto arquitetônico com o contexto espacial em que ele se insere.

Dado o vasto panorama de arquitetos apresentados por Ruth Verde Zein sob a rubrica Brutalista e a impossibilidade de discutir a matiz geral dessa produção, duas figuras importantes no cenário paulista foram selecionadas para discutir questões mais especificas de projeto arquitetônico enquanto resposta a realidade sociourbana: Vilanova Artigas, arquiteto icônico do surgimento e consolidação da linguagem estudada, a sua autoria em obras significativas da Arquitetura Paulista Brutalista e o seu engajamento dos debates acadêmicos e; Paulo Mendes da Rocha, como a figura que intervém na linguagem entre vanguarda e a produção recente pós 1990.

O desígnio de vincular debates múltiplos – permanências da linguagem delimitada no objeto e a relação da configuração espacial do objeto com o tecido urbano – resulta em um trabalho que, por vezes, alterna o foco da discussão nesses dois campos, decorrência do reconhecimento da possibilidade de configuração espacial da cidade a partir da disciplina arquitetônica.

Este artigo faz parte da parceria entre a plataforma Seu Acervo e o ArchDaily Brasil, através da qual publicaremos com frequência trabalhos de conclusão de curso de alunos de todas as partes do país. Para acessar o trabalho completo de Tatiane Oliveira Teles, formada na FAU USP, clique aqui.

Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Permanências da sintaxe paulista brutalista pós 90 / Tatiane Teles" 21 Ago 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/877853/permanencias-da-sintaxe-paulista-brutalista-pos-90-tatiane-teles> ISSN 0719-8906

¡Você seguiu sua primeira conta!

Você sabia?

Agora você receberá atualizações das contas que você segue! Siga seus autores, escritórios, usuários favoritos e personalize seu stream.